sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

‘NÃO NASCEMOS PARA VIVER SOZINHOS’,

 

diz psiquiatra de Harvard

Em entrevista ao GLOBO, Robert Waldinger afirma que quando as pessoas estão mais conectadas umas com as outras, isso não apenas as deixa felizes, mas as mantém mais saudáveis

Robert Waldinger, psiquiatra e pesquisador da Universidade Harvard — Foto: Divulgação

Há mais de 80 anos, pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Harvard investigam o desenvolvimento da vida humana, por meio do estudo de milhares de casos, rastreamento genético, exames médicos, entrevistas e observação. E uma das grandes e surpreendentes conclusões é: quem é feliz vive mais. Não existe, porém, uma fórmula mágica para a felicidade, disse ao GLOBO o psiquiatra Robert Waldinger, um dos líderes do Harvard Study of Adult Development (Estudo de Harvard sobre Desenvolvimento de Adultos), realizado desde 1938 nos Estados Unidos. O que se sabe, afirmou, é que as relações interpessoais são fundamentais nesse processo.

A forma como as pessoas se relacionam impacta o bem-estar?

O que vimos em nossa pesquisa é que quando as pessoas estão mais conectadas umas com as outras, isso não apenas as deixa mais felizes, mas as mantém mais saudáveis. E, em média, elas também vivem mais. Essa conexão pode ser [intensificada] encontrando mais pessoas durante um tempo ou estabelecendo relações mais próximas e calorosas com uma ou algumas pessoas que você sente realmente que irão apoiá-lo se você precisar.

O senhor disse que as pessoas conectadas são mais felizes. A solidão tem então implicações para a saúde humana?

A solidão é uma fonte de estresse. Não fomos feitos para viver sozinhos. Quando estamos sozinhos, os níveis de estresse do corpo aumentam e isso nos leva a um estado de resposta de luta ou fuga, que acontece quando você está com medo de algo, sua frequência cardíaca e pressão arterial aumentam e você se prepara para enfrentar um desafio. Mas a solidão é um desafio que não tem fim. Assim seu corpo permanece nesse estado com níveis mais altos de hormônios do estresse, inflamação crônica, e isso contribui para destruir o corpo e a saúde.

Existe uma fórmula mágica para uma vida feliz?

Não existe, e é bom que as pessoas saibam disso. Às vezes pensamos que as outras pessoas são felizes o tempo todo, enquanto nós não sabemos o que estamos fazendo, mas nenhuma vida é feliz 24 horas por dia, sete dias na semana. Por outro lado, há certas coisas que podemos fazer que nos tornam mais propensos a nos sentirmos bem na maior parte do tempo. Isso inclui cuidar da nossa saúde, cuidar do nosso corpo, comer bem, fazer exercícios regulares, não abusar de drogas ou álcool e ter senso de propósito, além de estarmos mais conectados com outras pessoas.

É possível prever o quão bem uma pessoa chegará à velhice analisando seus índices de felicidade?

Não, porque na vida acontecem coisas que não podemos prever. Eu poderia fazer de tudo para cuidar de mim, da minha saúde, ter bons relacionamentos, e ainda assim ter câncer. E não é minha culpa, simplesmente acontece. Então, quando olhamos para qualquer pessoa, não podemos dizer com certeza como será sua vida, não importa o que ela faça. Mas quando olhamos para milhares de pessoas, ao longo de muitos e muitos anos, podemos dizer que essas são as coisas que tornam mais provável que você permaneça saudável e feliz.

A felicidade tem impactos neurológicos também? Ela pode modificar nosso cérebro?

Sim pode. Sabemos que a felicidade pode nos manter mais afiados por mais tempo, ao passo que a solidão e a infelicidade podem contribuir para um declínio cognitivo precoce.

A primeira geração dos estudos foi feita apenas com homens. Apesar disso, podemos generalizar suas conclusões?

Essa é uma boa pergunta. Come

É impossível ser feliz sozinho? Conheça 7 fatos fundamentais sobre solidão... - Veja mais em https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2018/02/07/e-impossivel-ser-feliz-sozinho-conheca-6-fatos-fundamentais-sobre-solidao.htm?cmpid=copiaecola

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