Por THEODIANO BASTOS
Acredita-se
que a psicopatia tenha bases genéticas, biológicas e psicológicas que colocam
alguém em maior risco de violar os direitos de outras pessoas. Mas a sociopatia
é menos claramente definida e seus comportamentos antissociais são o produto de
um ambiente social.
Artigos sobre pessoas que não se comportam bem e como
identificá-las são comuns. Você não precisa jogar no Google ou rolar a tela por
muito tempo para encontrar manchetes como "7 sinais de que seu chefe é um
psicopata" ou "Como evitar o sociopata ao lado".
Você verá frequentemente os termos psicopata e
sociopata usados de forma intercambiável. Isso se aplica
talvez ao personagem fictício
com mal comportamento mais famoso de todos – Hannibal Lecter, o serial killer canibal
de O Silêncio dos
Inocentes.
No livro em que o filme é baseado, Lecter é descrito
como um "sociopata puro". Mas no filme ele é descrito como um
"psicopata puro". Psiquiatras o diagnosticaram com algo totalmente
diferente.
Então, qual é a diferença entre um
psicopata e um sociopata?
Como veremos, esses termos foram usados em
diferentes momentos da história
e se relacionam a alguns conceitos que se sobrepõem.
O que é um psicopata?
A psicopatia é mencionada na literatura psiquiátrica
desde os anos 1800. Mas a última edição do Diagnostic Statistical Manual of
Mental Disorders (conhecido coloquialmente como DSM) não a lista como um
transtorno clínico reconhecido.
Desde a década de 1950, os rótulos mudaram e termos
como "distúrbio de personalidade sociopática" foram substituídos por
transtorno de personalidade antissocial, que é o que usamos hoje.
A sociopatia, que hoje em dia chamamos de transtorno
de personalidade antissocial, e a psicopatia têm sido associadas a uma ampla
gama de causas de desenvolvimento, biológicas e psicológicas
Alguém com transtorno de personalidade antissocial
tem um desrespeito persistente pelos direitos dos outros.
Isso inclui quebrar a lei, mentir repetidamente,
comportamento impulsivo, entrar em brigas, desconsiderar a segurança,
comportamentos irresponsáveis e indiferença às consequências de suas ações.
Para aumentar a confusão, a seção no DSM sobre
transtorno de personalidade antissocial menciona traços de psicopatia (e
sociopatia). Em outras palavras, de acordo com o DSM, os traços são parte do
transtorno de personalidade antissocial, mas não são transtornos mentais em si.
A primeira descrição formal de traços de psicopatia
foi feita pelo psiquiatra americano Hervey Cleckley, em seu livro The Mask of
Sanity, de 1941.
Ele baseou sua descrição em observações clínicas de
nove pacientes do sexo masculino em um hospital psiquiátrico. Ele identificou
várias características-chave, incluindo charme superficial, falta de
confiabilidade e falta de remorso ou vergonha.
O psicólogo canadense e professor Robert Hare refinou
essas características enfatizando características interpessoais, emocionais e
de estilo de vida, além dos comportamentos antissociais listados no DSM.
Quando reunimos todas essas vertentes de evidências,
podemos dizer que um psicopata manipula os outros, mostra charme superficial, é
grandioso e é persistentemente enganoso. Traços emocionais incluem falta de
emoção e empatia, indiferença ao sofrimento dos outros e não aceitar
responsabilidade por como seu comportamento afeta os outros.
Finalmente, um psicopata fica entediado facilmente,
se aproveita dos outros, não tem objetivos e é persistentemente irresponsável
em suas ações.
E um sociopata?
O termo sociopata apareceu pela primeira vez na
década de 1930 e foi atribuído ao psicólogo americano George Partridge. Ele
enfatizou as consequências sociais do comportamento que comumente viola os
direitos dos outros.
Acadêmicos e clínicos frequentemente usavam os termos
sociopata e psicopata de forma intercambiável. Mas alguns preferiam o termo
sociopata porque diziam que o público às vezes confundia a palavra psicopata
com psicose.
“Distúrbio de personalidade sociopática” foi o termo
usado na primeira edição do DSM em 1952. E se alinhava a visões predominantes
na época, de que os comportamentos antissociais eram em grande parte o produto
do ambiente social e que os comportamentos só eram julgados como desviantes se
quebrassem regras sociais, legais e/ou culturais.
Algumas dessas primeiras descrições de sociopatia
estão mais alinhadas com o que hoje chamamos de transtorno de personalidade
antissocial. Outras estão relacionadas a características emocionais semelhantes
à definição de psicopata de Cleckley, de 1941.
Em resumo, pessoas diferentes tinham ideias distintas
sobre sociopatia e, mesmo hoje, a sociopatia é menos bem definida do que a
psicopatia. Portanto, não há uma definição única de sociopatia, ainda hoje.
Mas, em geral, os comportamentos antissociais que a caracterizam podem ser
semelhantes aos que vemos na psicopatia.
Ao longo das décadas, o termo sociopatia caiu em
desuso. A partir do final dos anos 60, os psiquiatras passaram a usar o termo
transtorno de personalidade antissocial.
Nato ou adquirido?
Tanto a "sociopatia" (o que agora chamamos
de transtorno de personalidade antissocial) quanto a psicopatia têm sido
associadas a uma ampla gama de causas de desenvolvimento, biológicas e
psicológicas.
Por exemplo, pessoas com traços psicopáticos têm
certas diferenças cerebrais, especialmente em regiões associadas a emoções,
inibição de comportamento e resolução de problemas. Elas também parecem ter
diferenças relacionadas ao sistema nervoso, incluindo uma frequência cardíaca
reduzida.
A sociopatia e seus comportamentos antissociais são,
no entanto, um produto do ambiente social de alguém e tende a ocorrer na
família. Esses comportamentos têm sido associados a abuso físico e conflito
parental.
FONTES: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cx2yngjdvdlo E https://www.psicologosberrini.com.br/blog/psicopatia-e-sociopatia/
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