UM
NOVO BRASIL É POSSÍVEL?
THEODIANO BASTOS
O povo brasileiro parece procurar um Messias. A
expectativa de um messias é um modismo comum que ocorre em países com alto
índice de desigualdade social, baixo grau de escolaridade da população e
descrédito das instituições ou tremendamente injustos como é o caso do Brasil,
onde existe a fantasia de que cada parto, se esteja dando a luz a um messias...
Elegeram Getúlio Vargas em 1950 vendo nele o “Pai dos Pobres” e que deixou a
presidência cometendo suicídio em 24.08.1954. Elegeram Jânio Quadros em 1960 e
que renunciou em 08.08.1961 como Homem da Providência e depois em 1989 elegeram
Fernando Collor de Mello como o Salvador da Pátria e na quarta tentativa elege
como Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva como o Messias, O
Operário Salvador, e que consto no livro de minha autoria O Triunfo das Idéias.
“Quanto mais um país depende de pessoas, e não de instituições, menos
republicano ele é”, diz Roberto Romano, da Unicamp.
É um desafio neste mundo conturbado e preso
à síndrome do medo, desejar-se mudanças profundas. O Brasil precisa é de
Estadista com “E“ maiúsculo, não de um messias, que convoque uma Assembléia
Geral Constituinte exclusiva, EM 2014, isto é, que seja dissolvida após a
promulgação da nova Constituição, e que seus membros não concorram nas eleições
gerais de 2018, único jeito de aprovação das reformas políticas, fiscal e
tributária, trabalhista e sindical, o que propiciará a execução de projeto
ambicioso de “engenharia social” no Brasil, preservando-se do Estado
Democrático de Direito que dêem outro rumo ao Brasil no interesse das maiorias
sempre marginalizadas e excluídas” Mas é preciso que se entenda que não se
consegue fazer o que queremos mas o que podemos ou que nos deixam fazer, pois o
terreno é minado. Em 2005, 20 mil famílias ganharam R$ 105 bilhões, graças aos
juros obscenos que o governo do PT pagou, ao passo que apenas R$ 7 bilhões para
os 8 milhões para os 8 milhões de beneficiários das bolsas-esmolas, segundo
Márcio Pochmann. Quem comanda o mundo? Responde Leonardo Boff: Com a
autonomização da economia e o enfraquecimento dos estados-nações é ilusório
pensar que os presidentes eleitos sejam os que têm o comando sobre o país. Quem
decide os destinos reais do povo não é o presidente, mas o Ministro da Fazenda
e Presidente do Banco Central que por sua vez são reféns do sistema
econômico-financeiro mundial a cuja lógica se submetem. Os donos do mundo estão
sentados atrás dos bancos, são os que controlam os mercados financeiros, as
taxas de juros, as infovias de comunicação, as tecnologias biogenéticas e as
indústrias de informação, conclui.
“A ganância tomou o lugar do caráter; o
lucro e a vitória passaram a ser desculpas para todos os crimes; a publicidade
deu uma surra nas artes; os escritores foram vencidos pela mídia”. E Sílvio de
Abreu, autor de novelas famosas da Globo, como Belíssima, seu último sucesso,
em entrevista nas páginas amarelas de
VEJA de 21/06/06, diz: “A moral está torta; a esperteza desonesta é
vista como um valor. O simples fato de o presidente Lula dizer que não sabia de
nada e não viu as mazelas trazidas à tona pelas CPIs e pela imprensa basta — as pessoas fingem que acreditam porque
acham mais conveniente que fique tudo como está. O nível intelectual do brasileiro está abaixo
do que era nos anos 60 e 70, porque as escolas são piores e o estudo não é
valorizado. O valor não é mais fazer algo dignificante. As pessoas querem subir
na vida, e dane-se o resto”, conclui.
A prioridade nesse novo Brasil deverá ser a
educação, privilegiando-se o ensino fundamental e médio, com os estudantes em
dois turnos nas escolas. Nesse novo mundo possível, os jovens têem de se
conscientizar que diminuirá significativamente o trabalho formal, a era do
garantismo, da carteira assinada, isto é contrato com direitos, condições
fundamental para ser cidadão, sujeito de direitos, vai ser cada dia mais
difícil. Prevalecerá no futuro o cidadão com: “O espírito empreendedor, a
capacidade de se automotivar, autoliderar, autogerenciar, autoliderar são
ferramentas indispensáveis. Se não tem trabalho para mim, eu tenho de criar
esse trabalho -–essa é a idéias. Ter olho para perceber oportunidades, ter
visão. O desencanto com a falta de emprego no mundo, que tende a se agravar,
gera instabilidade, insegurança, desmotiva muitos jovens”, alerta Maria Tereza
Maldonado, em entrevista a Istoé de 24/04/06. O mercado de trabalho está
exigindo autodisciplina, empreendedorismo, capacidades de tomar iniciativas, a
gerenciar o tempo. Isto traz a necessidade, desde cedo, de trabalhar nas
crianças o espírito empreendedor, a tomar iniciativa, a trabalhar em equipe, e
é dentro de casa que tudo que tudo se inicia, continua ensinando Maria Maldonado.
Longe de gerar mais
igualdade, e integração social, a Globalização provocou ampliação dos setores
vulneráveis e dos excluídos, com diferença de oportunidades e acesso desigual
às oportunidades de emprego, educação, saúde e proteção social, por isso coexiste
uma sociedade de risco. Clama-se por un novo contrato social, sem imitar as
inovações dos países do Norte, mas que o sistema de ciência e tecnologia deva
abrir-se às preocupações sociais, reorientando-se para o desenvolvimento econômico solidário, de
face humanística , que integre as universidades, o governo, os empresários,
as instituições financeiras e os cidadãos.
O “fundamentalismo
mercantil” de que falava Celso Furtado é quem está impondo a ordem no mundo.
Filósofos do mercado, a terra dos iluminados banqueiros... O sistema financeiro
conseguiu acorrentar a democracia, e democracia deve deles livrar-se, mediante
a Justiça, a fim de continuar a ser construída. A humanidade não pode ficar à
mercê dos que, controlando o dinheiro, pretendem controlar o poder político –
como ocorre nos nossos dias, denuncia Mauro Santayana em sua coluna Almanaque
(JB 24/09/05, pág. A2) A democracia está à espera dos que possam reinventá-la.
“A falta de horizontes para os jovens profissionais é trágica, levando nossos
filhos ao desalento ou a tentar a vida no exterior. Muitos têm sua adolescência
prolongada, não por preguiça ou inépcia, mas porque não conseguem se firmar no
mercado de trabalho, mesmo com talento, preparo e títulos. Não é por nada que
alguns começam a pensar: é realmente importante ter diploma, competência e
honradez?”, diz Lia Luft (Veja, 19/10/05 pág. 22).
O violento êxodo rural fez
inchar as periferias das cidades, onde grassa o desemprego, a falta de
expectativa de vida dos jovens, a desesperança e a desestruturação das
famílias, tornaram o Brasil um dos países mais violentos do mundo,
principalmente a partir da década de 80 com a deterioração social, ética e
moral. Mauro Santayana em seu artigo O difícil
desembarque (JB 11/02/06 pág. 2: “Nas periferias das grandes cidades e nos
morros, as escolas estão sendo substituídas, pouco a pouco, pelos traficantes e
contrabandistas que, astutamente, passaram a assumir o poder político,
oferecendo, ao mesmo tempo, a ordem e a solidariedade. A ordem contra as leis
republicanas, contra os princípios de convivência que a razão ocidental
construiu ao longo da História. São pequenos tiranos, que torturam, condenam e
matam os que desafiam seus interesses e sua autoridade, mas asseguram
tranqüilidade aos neutros” Desenvolveram a pedagogia do crime que se alastra, e
passaram a cooptar jovens da classe
média. Também Paulo Blank, em artigo na revista Domingo do Jornal do Brasil, diz:
“Nesse nosso paraíso da artificialidade,
por baixo do ar bonachão que os estrangeiros dizem que ostentamos, vem
fermentando a hipocrisia do homem cordial. Mas, agora, quando a trama social
vem se esgarçando a olhos vistos, o que surge é a violência real e simbólica
que ficava escondida sob o mando paternalista de relações supostamente
tranqüilas”. O que se vê nas grandes cidades do Brasil é a explosão da
brutalidade no varejo de nossas vidas de cidadão desprotegido que exteriorizou
o medo que agora conhecemos em todos os andares da sociedade, completa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário