Por Theodiano Bastos
Mas a
maioria de seus seguidores, hoje consegue provar que o homem tem dentro de si
mesmo, tanto o bem como o mal, tanto forças destrutivas como construtivas.
Erich Fromm, por exemplo, no seu extraordinário livro “O Coração do Homem” e
sua tendência para o bem e para o mal, explica muito bem os tipos de
indivíduos; os dotados de tendências destrutivas, (a necrofilia, o amor à
morte) e os dotados de forças construtivas (a biofilia, o amor à vida). Karen
Horney também é otimista sobre a possibilidade de o ser humano sublimar sua
tendência à destruição. À beira da morte, condenado a beber a cicuta, seus
discípulos angustiados perguntaram-lhe: Mestre, como o senhor resumiria toda a
sua filosofia? E ele respondeu: — Conhece-te a ti mesmo para conheceres os
deuses e o universo, que também consta no portal do templo de Delfos. Cristo,
que como Sócrates, também não deixou seus ensinamentos por escrito, dizia
a seus discípulos: “A Verdade vos libertará”.O apelo ao mergulho dentro de si
mesmo vem de milênios, desde o tempo da Grécia antiga. Em nossos dias Soren
Kierkegaard dizia: “Aventurar-se causa ansiedade, mas deixar de aventurar-se é
perder a si mesmo... E aventurar-se no sentido mais elevado é precisamente
tomar consciência de si mesmo”. As pessoas, quando educadas para enxergarem
claramente o lado sombrio de sua natureza, aprendem ao mesmo tempo a
compreender e amar seus semelhantes.
Com o método da livre associação,
Freud tornou possível a psicanálise, o mergulho dentro de si mesmo, tornando
ciência o caminho da reorientação pelo conhecimento de si mesmo. “Uma das
poucas alegrias da vida numa época de ansiedade, é o fato de sermos forçados a
tomar consciência de nós mesmos”, diz Rollo May. Como a neurose é uma
perturbação nas relações de um ser consigo mesmo e com o próximo, ela causa
forte dose de angústia, fobias e medos difusos. Mas, se prevalecer a
deliberação de modificar-se, o efeito libertador do auto-conhecimento será um
alívio, pois a determinação de modificar-se constitui, por certo, um
força poderosa e valiosa, indispensável para efetuar qualquer mudança.
Mas é preciso alertar que o caminho do
auto-conhecimento será árduo no processo de desilusão, mas à medida que vai
descobrindo que pode realmente viver melhor sem suas desilusões, que pode viver
melhor sem elas, vai-se adquirindo fé em si mesmo, conforme ensina Karen Horney
nas suas obras “Conheça-se a Si Mesmo” e a “Personalidade Neurótica de Nosso
Tempo”, publicados pela editora Civilização Brasileira. O ódio, por exemplo, é destrutivo. Mas há o ódio racional, reativo e o
irracional, condicionado pelo caráter. O ódio racional é a reação de uma pessoa
contra a ameaça à vida, liberdade ou idéias, suas ou de outra pessoa. Sua
premissa é o respeito à vida e cessa de existir quando a ameaça é afastada. Já
o ódio irracional, a paixão para destruir e lesar a vida, condicionado pelo
caráter, difere em qualidade. É um traço de caráter, uma disposição contínua
para odiar, que subsiste no íntimo da pessoa que é hostil, continua ensinando o
mestre Fromm, que completa: “O objetivo da vida é nascer plenamente, mas a
tragédia consiste em que a maior parte de nós morre sem ter nascido plenamente.
Viver é nascer a cada instante”.
“Uma noite, sentados ao redor da fogueira, estavam
um velho índio e seu neto.
O sábio índio estava tentando explicar ao menino de
uma forma simples e fácil, sobre o combate que acontece dentro das pessoas.
Ele disse:
- "Há uma batalha entre dois lobos
que vivem dentro de todos nós".
Um é Mau - Cheio de raiva, inveja, ciúme, tristeza,
desgosto, cobiça, arrogância, pena de si mesmo, culpa, ressentimento,
inferioridade,
orgulho falso, superioridade e ego.
O outro é Bom - É alegria, fraternidade, paz, esperança,
serenidade,humildade, bondade, benevolência, empatia, generosidade, verdade,
compaixão e fé.
O neto pensou nessa luta e perguntou ao avô:
- " E qual o lobo que vence?"
O velho índio sabiamente respondeu:
- "Aquele que você
alimenta!"
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