Por THEODIANO BASTOS
CRISTOVAM BUARQUE, em seu artigo publicado na vista VEJA
intitulado Democracia devedora, diz
que a maior dívida é com a educação de base.
“Os que repudiam 1964 denunciam os golpistas, sem a
autocrítica de onde os democratas erraram nos anos anteriores, e os que hoje
celebram a redemocratização não percebem as dívidas que a democracia ainda tem
com o Brasil. Apesar de o SUS e as Bolsas terem diminuído a penúria, o quadro
de pobreza e miséria se mantém equivalente a 1985; ajudamos pobres, mas não
implantamos estratégia para a abolição da pobreza. Nenhum passo estrutural foi
dado para que o Brasil deixasse de ser campeão em desigualdade: mas não implantamos
estratégia para a abolição da pobreza. Nenhum passo estrutural foi dado para
que o Brasil deixasse de ser campeão em desigualdade: na verdade, os benefícios
aos ricos cresceram aumentando a brecha na qualidade de vida entre o topo e a
base da pirâmide social. A democracia explicitou a apartação brasileira e
aumentou a violência nas cidades. A persistência da concentração de renda é uma
dívida.
Depois de nove eleições presidenciais, de ampla
liberdade, de instituições funcionando, a democracia ainda não fez as reformas
de que a economia precisa. Foi incapaz de livrar o país da armadilha da baixa
renda média, que não aumenta por falta de produtividade, de poupança,
investimento, inventividade, empreendedorismo, competitividade, e por excesso
de protecionismo, burocratismo, subsídios, ...
A democracia mantém o Estado brasileiro
perdulário, ineficiente, corrupto e descomprometido com os interesses do povo.
Ao manter os problemas sociais, econômicos e políticos, a democracia se mantém
frágil e em dívida com ela própria: não enfrentou a permanente ameaça de
interferência dos militares na política; não fez as reformas políticas
necessárias, ampliou mordomias e privilégios — além da corrupção, que tira a
legitimidade e a confiança do eleitor nos agentes públicos. Ao tolerar e
fortalecer o espírito corporativista, a democracia divide o país em múltiplas
repúblicas com interesses particulares antagônicos. Prisioneira da armadilha do
imediato, dedicada a administrar os conflitos de grupos no presente. A democracia
é devedora”...
Leia mais em: https://veja.abril.com.br/coluna/cristovam-buarque/democracia-devedora/
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