TABATA AMARAL,
BIOGRAFIA
Por: Tamíris Almeida
Com 25 anos,
garota prodígio da periferia, Tabata Amaral se elege deputada federal, a sexta
mais votada em São Paulo, com 264.450 votos.
“Tabata Amaral de
Pontes é filha de Maria Renilda Amaral
Pires, diarista, e Olionaldo Francisco de Pontes, cobrador de ônibus, cofundadora
do Movimento Mapa Educação
e do Movimento Acredito, movimento político
nacional e suprapartidário, que busca a renovação do congresso. Formada
em ciências
políticas
e astrofísica pela Universidade
Harvard.
Tabata graduou-se com honras máximas e
recebeu o Prêmio Kenneth Maxwell
em estudos brasileiros e o Prêmio Eric Firth para o melhor ensaio sobre o tema
de ideais democráticos por sua tese. Logo após a sua graduação, retornou ao
Brasil para dedicar-se ao seu ativismo social.” https://pt.wikipedia.org
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Da escola
pública na periferia de São Paulo a Harvard, conheça quem é Tabata Amaral, a
jovem que quer transformar a Educação Pública no Brasil.
Estudante de escola pública, Tabata
Amaral, recebeu uma bolsa integral para fazer graduação na Universidade de
Harvard, nos Estados Unidos. Formou-se em Ciência Política em 2016 e, de volta
ao Brasil, foi eleita deputada federal pelo PDT de São Paulo em 2018. Uma de
suas principais bandeiras é a defesa por uma Educação de qualidade para redução
das desigualdades no Brasil.
Nascida na periferia de São
Paulo, Tabata recebeu bolsa para estudar Ciências Políticas em uma das maiores
universidades do mundo, Harvard. (Foto: Acervo Pessoal)
Futura
& Educação: Como foi a sua trajetória até chegar a Harvard? Alguma vez você
já imaginou que poderia ir tão longe?
Tabata
Amaral: Eu tive a chance de participar
da 1ª OPMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas) e ganhar uma bolsa de estudos em São Paulo numa escola particular. Até
então, eu estudava em uma escola pública na Vila Missionária [um bairro na
periferia de São Paulo formado por migrantes de
outros estados].
Assim, pude ter acesso a uma
melhor qualidade no ensino e a matérias que eu não estudava. Vi que essa outra
realidade era muito diferente. Nesta escola conheci pessoas que falavam outro
idioma, viajavam para fora, já faziam intercâmbio. E eu, que demorava 4h para
ir e voltar da escola, nunca tinha possibilidade de pensar em qual era o meu
sonho. Conheci um mundo muito mais amplo que o meu.
Foi então que eu comecei a sonhar
em fazer uma faculdade fora. Inicialmente, eu queria fazer Astrofísica. Os
professores conseguiam um quartinho para eu ficar na escola. De onde eu venho,
eu tenho claro como é a desigualdade no Brasil. Falta educação de qualidade
para muita gente. Por alguns momentos eu conseguia vislumbrar essa realidade.
“De onde eu venho, tenho claro como é a
desigualdade no Brasil. Falta educação de qualidade pra muita gente.”
Eu perdi meu pai 4 dias depois
que fui aprovada em Harvard. O que fez que meu sonho em ser Astrofísica também
mudasse. Daí, decidi que ia fazer Ciências Políticas. Fiz faculdade entre 2012
e 2016.
Futura
& Educação: Qual a origem da sua família? Conta um pouquinho mais sobre a
sua história.
Tabata: Minha mãe veio do interior da Bahia. Ela começou a estudar com 10 anos,
mas quando engravidou de mim ela saiu da escola e foi trabalhar. Meu pai
conheceu minha mãe quando ela estava grávida. Ele é de São Gonçalo e foi pra
São Paulo com 15 anos, mas tinha doenças psicológicas e vícios. Ele nasceu na
Paraíba, mas viveu em São Gonçalo. Ele junto com minha mãe foram morar numa
ocupação na Vila Missionária, onde ela mora até hoje. Tábata ao lado de Malala, uma de
suas principais inspirações. (Foto: Acervo Pessoal)
Futura
& Educação: Como foi o período em que esteve em Harvard? O que mudou na
Tabata?
Tabata: Uma coisa que mudou foi a minha visão do mundo. Eu tive muitas
oportunidades muito jovem, mas eu sempre morei na Missionária. Hoje, eu tenho
uma visão muito mais complexa da desigualdade. Lá [nos EUA}, eu conheci tanta
gente: mulheres, homens, jovens, negros… pude ver que a solução não é simples,
mas precisamos de políticas públicas para transformar a Educação no Brasil.
Futura
& Educação: Por que decidiu voltar ao Brasil?
Tabata: Eu fui para Harvard quase sem falar inglês. Minha mãe ficou
desempregada e não tinha condições de pagar um cursinho de idiomas. Eu só fui
porque os meus professores do colégio e minha mãe me convenceram a ir. Na
época, eu me sentia muito culpada por não poder ajudar meu pai. Só fui mesmo
porque me convenceram que assim eu poderia mudar as coisas.
No segundo ano eu mudei de curso
porque decidi estudar mais sobre Política e Educação. Queria – e ainda quero –
mudar a realidade do Brasil. Nas férias, eu voltava para o Brasil. Eu sei que
lá ganharia muito mais, mas acho que fazia mais sentido eu voltar. Conheci de
perto a Secretaria de Educação no Ceará (Sobral) e depois a Secretaria pública
de Salvador (BA). Eu pude ver o que é possível transformar a nossa Educação.
Tábata
foi uma das 11 jovens selecionadas para conhecer Barack Obama durante a visita
do ex-presidente americano ao Brasil. (Foto: Anna Carolina Negri)
“Eu sei que lá ganharia muito mais, mas acho que
fazia mais sentido eu voltar pro Brasil.”
Futura
& Educação: Como mudar a educação pública no Brasil?
Tabata: É um conjunto de fatores. Atração, valorização de professores, ensino
integral, rever FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação
Básica) e gestão de politicas públicas.
¾ dos munícios escolhem seus
diretores por indicações políticas. Em muitos estados, não há vontade política
para a Educação dar certo. Ela só vai dar certo com quando for colocada como
prioridade de política pública.
Futura
& Educação: O que você espera dos próximos anos na educação brasileira?
Tabata: O meu sonho é que a Educação vire prioridade no país para que a gente
tenha a melhor educação pública do mundo. Temos uma população que não vai à
escola, é analfabeta funcional. Tem que ter uma renovação política.
Futura
& Educação: O Movimento Acredito tem essa proposta de renovação política?
Tabata: Sim, é um movimento de renovação política e temos agendas de combate a
desigualdade e privilégios. Mais do que uma disputa entre esquerda x direita,
defendemos bandeiras voltadas para a Educação, para que as pessoas voltem a
acreditar na política, voltem a acreditar no Brasil e convocamos as pessoas
para pensarem e mudarem suas realidades.
Já revitalizamos praças, já
fizemos ação para que os jovens tirem título de eleitor, apoiamos jovens,
fizemos abaixo assinado. Atuamos em 14 estados: Acre, Pernambuco, Ceará, Bahia,
Minas Gerais, Distrito Federal, Goiás, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Rio
de Janeiro.
Tabata faz parte de um movimento
nacional suprapartidário formado por jovens insatisfeitos com a política
desenvolvida atualmente no país. Saiba mais sobre o Movimento Acredito.
Futura
& Educação: Quem é a sua principal inspiração para promover essa
transformação política na educação?
Tabata: A Malala Yousafzai é uma pessoa que eu admiro
muito. E vi o quanto ela é gente como a gente. Se ela sendo gente como a gente
conseguiu fazer a revolução, por que também não conseguimos? Isso me inspirou
muito. Em julho de 2018, ela deu uma palestra no Santander e eu fui uma das
jovens selecionadas para participar da conversa sobre jovens e políticas. Ela
falou que os jovens estão muito desanimados com a solução política, mas ela
estimulou. Falou para não desistirmos.